O momento em que estamos tem acelerado processos de precarização do trabalho. Trabalhamos de formas inimagináveis para continuar “dando conta do recado”.
É uma nova lógica que aos poucos tem nos cercado e, caso você não tenha ouvido falar ou pensava que não tinha a ver com você, queremos mostrar que ela está mais perto do que imagina: a chamada UBERIZAÇÃO.
A uberização é uma tendência global, fruto da flexibilização, do enfraquecimento das regulamentações trabalhistas, das terceirizações e da ampliação do uso de tecnologias. Utiliza discursos como "seja o seu próprio chefe", ou "seja empreendedor". Aliás, esse não é um discurso novo para o brasileiro que sonha em ser dono do seu próprio negócio. O problema é que essa lógica naturaliza situações precárias e aumenta a informalidade do trabalho.
Os trabalhadores "uberizados" são autogerentes de si, e devem arcar com riscos e custos de sua atividade, subordinados a uma plataforma digital que coordena, define e controla suas ações. Motorista de aplicativos, motoentregador e bikeboy são os trabalhadores mais lembrados como parte desse modelo de organização, mas essa realidade atinge outras categorias profissionais, como fisioterapeutas, professores, cabeleireiros, advogados, etc.
A uberização funciona no sistema just-in-time, ou seja, os trabalhadores devem estar disponíveis a qualquer momento. As empresas não são empregadoras, mas atuam como mediadoras via plataforma digital entre a oferta e a procura, possuem autonomia para vigiar e desligar os trabalhadores caso não atinjam os seus pré-requisitos. Além disso, a avaliação dos consumidores é um importante instrumento de controle e auditoria do trabalho.
Muitas vezes, o trabalho uberizado é entendido como um "bico", mesmo por quem oferece os seus serviços. Apesar disso, é comum a permanência nesse tipo de atividade por longos períodos, ainda mais se considerarmos momentos críticos como os atuais. A questão é que o caráter de "bico" dificulta a formação da identidade profissional do trabalhador e de sua organização coletiva.
Essa é uma prévia sobre o que é e quais os impactos da uberização. Agora pensem: quais as implicações de se trabalhar, em muitos casos, 10 horas por dia, sem folga, sem direitos e com baixa remuneração?
 
 
FONTE:
Coletivo Colabor: https://linktr.ee/coletivocolabor
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