Ontem, 22, iniciamos com muita alegria mais uma edição do Ciclo de Palestras Formativas do CES. Na abertura, a coordenadora Liliana Lima deu boas vindas a todos (as) presentes e falou da importância de uma semana formativa, com debates e reflexões que contribuirão para os desafios do movimento sindical colocados em 2024.

Na sequência, o coordenador de formação, Augusto Petta, explicou sobre a dinâmica dos trabalhos e informou que este Ciclo conta com 123 inscritos, representados por 12 Estados.

O palestrante, professor Lejeune, iniciou sua exposição fazendo um panorama geopolítico mundial, passando pela dissolução da União Soviética, em 1991, até os dias de hoje. “O mundo sempre esteve dividido entre a burguesia e o proletariado e nos dias de hoje não é diferente”.

O Mundo hoje está dividido entre o Imperialismo e aos que resistem ao Imperialismo. Temos uma correlação de forças no mundo que transita entre a unipolaridade e multipolaridade, porém esta multipolaridade que existe, não está concretizada. A multipolaridade significa que há muitos polos no mundo. Hoje são 3: Estados Unidos, Rússia e China.

O professor explicou sobre os acordos entre Rússia e China em 2021 e 2022, com base em 3 aspectos – respeito mútuo, convivência pacífica e cooperação mutuamente benéfica.

Sobre as questões das guerras - a guerra que se trava na fronteira da Ucrânia com a Rússia é uma guerra interminável. O imperialismo, que quis fazer dessa guerra uma derrota e um esmagamento da Rússia, já perdeu a guerra, mas não autoriza o governo de Zelensky a iniciar com a Rússia um processo de paz.

O outro ponto é a guerra contra os palestinos, os EUA fecharam o ano de 2023 com duas guerras em andamento e estão perdendo em ambas as guerras. Na Palestina, em que pesem já termos ultrapassado a marca de 21 mil palestinos mortos – dos quais 18 mil mulheres e crianças – Israel já perdeu essa guerra.

“Não se mede vitória ou derrota em uma guerra pelo número de mortos que se consegue infligir no adversário/inimigo”. Vide a guerra do Vietnã, onde o povo vietnamita perdeu dois milhões de pessoas e os EUA em torno de 60 mil, mas eles perderam fragorosamente aquela guerra.

Israel fixou três objetivos em sua investida genocida contra o povo palestino: 1. Ocupar Gaza rapidamente; 2. Eliminar o Hamas (resistência palestina) e 3. Resgatar todos os reféns (prisioneiros de guerra). Não atingiu nenhum desses. Não ocupou e não ocupará Gaza (pelo menos não totalmente). Jamais eliminará a resistência palestina e todos os reféns soltos até o momento, o foram por negociações com a guerrilha e não obra de seu exército.

Ao final da sua exposição, o professor, pontuou questões, que não são previsões, mas apenas prognósticos e cenários por onde imagino que a humanidade pode caminhar.

- Crescimento do comércio internacional em moedas locais – estou apontando que é quase certo que haverá um avanço no comércio bilateral entre países em suas moedas locais. Hoje estima-se que cerca de 60% de todo o comércio mundial já não é mais feito em Dólar. A tendência é que isso se aprofunde.

- O Mundo cada vez mais multipolar – haverá uma consolidação do mundo multipolar, ou seja, em 2024 veremos o mundo mais multipolar do que foi em 2022 e 2023.

- Tensões seguirão elevadas – As tensões seguirão elevadas, exatamente pela concepção guerreira do imperialismo, cuja economia interna depende, dizem os especialistas, do complexo militar industrial dos Estados Unidos. Já ouvi estatísticas de que o peso desse setor no PIB gira em torno de 40%.

- Vai se agravar a crise interna dos EUA – os Estados Unidos ampliarão a sua crise interna e a sua decadência. Haverá um crescimento no seu endividamento, de um PIB de 26 trilhões de Dólares, eles já devem 34 trilhões e há um movimento de muitos países pedindo o resgate das suas aplicações nos Treasures (Títulos do Tesouro dos Estados Unidos).

- Fortalecimento da China e da Rússia – A República Popular da China caminha para um maior fortalecimento assim como a Federação Russa. Estes países que estão na linha de frente do Brics e do bloco de contenção ao imperialismo estadunidense, eles vão se fortalecer ainda mais.

- Importantes eleições no mundo – teremos eleições em mais de 80 países.

- Alternativas ao SWIFT – Uma das questões mais importantes na geopolítica mundial é a criação de um sistema alternativo de transferência eletrônica e instantânea de fundos, alternativo ao Swift. Isto deve avançar para já ser colocado em prática, em 2024.

Ao final da exposição foi aberto o debate com os participantes para um momento de aprofundamento sobres as questões colocadas e muitas reflexões.

Agradecemos ao professor Lejeune pela excelente palestra, a coordenadora da mesa Liliana Lima e a todos os participantes presentes.

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