Em resposta ao editorial “Nuances da ditadura” da Folha de SP, o embaixador Rolando Gómez González, encarregado de Negócios da República de Cuba no Brasil, emite uma nota:

A verdade está nos fatos

A Embaixada de Cuba dá seguimento ao portal de notícias da Folha diariamente por ser um meio transcendente no cenário informativo do Brasil e nos deixou indignados o editorial de hoje que calunia a nosso país. Não vale nem a pena discutir o termo Ditadura usado no título.
Poderia ser objeto de esclarecimentos em outro momento.
Temos um sistema político que goza de ampla participação popular, desde a adoção de suas leis, incluindo a constituição, até o aproveitamento dos direitos primordiais de todos os cidadãos sem exclusão, ao trabalho, à moradia, e aos serviços e direitos como a saúde, a educação, a segurança em todos os planos, a dignidade plena.
Não temos crianças nas ruas pedindo dinheiro nem trabalhando, nem desnutrição infantil. Todos estudam e são felizes. Um projeto diferente que merece respeito e é apoiado e defendido pela imensa maioria do povo cubano. Se a revolução cubana não fosse profundamente livre e democrática não estaria no poder, nem os cubanos haveriam resistido mais de 60 anos de bloqueios e agressões, nem praticado a solidariedade com o mundo, nem saberíamos apreciar a dignidade que nos mantem e a vida que se nos negam.
As referências à “sempre claudicante economia cubana”, “um país que vivenciou décadas de fracassado planejamento estatal”, sem mencionar a causa principal de nossos problemas, ignora e deturpa nossa realidade.
As penúrias económicas de Cuba, a angustia de seu povo pela escassez e dificuldades, tem como causa essencial, a guerra não convencional nem declarada dos Estados Unidos da América e de seus aliados contra Cuba, cujo principal expoente é o Bloqueio genocida que pretende, em vão, render nosso povo pela fome e doenças.
Seu propósito estava claro em um documento oficial del governo norte americano desclassificado, que dizia “o único modo previsível de tirar apoio interno (ao governo cubano) é mediante o desencanto e a insatisfação que surjam do mal estar económico e das dificuldades materiais… Há que empregar rapidamente todos os meios possíveis para debilitar a vida económica de Cuba… uma linha de ação que… consiga os maiores avanços na privação à Cuba de dinheiro y suprimentos, para reduzir seus recursos financeiros e os salários reais, provocar fome, desespero e a queda do Governo”.

Esse propósito qualifica como genocídio na Convenção das Nações Unidas para a prevenção e a sanção desse delito de genocídio, que entende como tais os atentados graves contra a integridade física ou mental dos membros de um grupo humano e a submissão intencional do grupo a condições de existência que levarão a sua destruição física total ou parcial (Art.1.b y 1.c).

Esse bloqueio criminal causou danos imensos à economia cubana em 60 anos, superiores, a preços constantes de ouro, a um trilhião de dólares. Seu caráter extraterritorial, e violador do direito internacional e da carta das Nações Unidas, gerou a condenação quase unânime da comunidade internacional. Também por seu caráter injusto, abusador y eticamente inaceitável.
Fomos antes da revolução uma ilha neocolonizada, mono produtora, mono exportadora, analfabeta, submetida ao desígnio yanqui. A revolução a transformou. Nossos indicadores de saúde, de educação, de segurança, nossos resultados científicos, esportivos, a felicidade das nossas crianças, a igualdade de oportunidades para todos, são conquistas que não renunciaremos apesar das graves consequências do bloqueio e das agressões contra nosso projeto revolucionário. Pelo bem de Cuba e dos cubanos. Não conseguimos ter uma economia robusta, sobre tudo pelo bloqueio e as agressões desde o início da revolução, porém alcançamos uma economia capaz de defender-se da primeira potência militar e econômica do mundo, e manter e consolidar conquistas sociais que hoje são um idílio incluso para países desenvolvidos. Analisem os indicadores de desenvolvimento humano do nosso país e os resultados frente à pandemia. Eles falam por si só.
Agradeceria muito que publicassem esta opinião diferente.

Embaixador Rolando Gómez González
Encargado de Negócios da República de Cuba no Brasil.

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