No dia 21 de janeiro, demos incio ao Ciclo Nacional de Palestras Formativas, cujo tema central é: “Como o Movimento Sindical pode contribuir para conter o avanço da extrema-direita”.
Na abertura, a coordenadora geral do CES, professora Liliana Lima, destacou a importância da formação política e sindical, além de expressar satisfação por realizar mais um ciclo com temas urgentes e relevantes. Liliana agradeceu a presença de todos(as) e desejou sucesso nos quatro dias de formação.
O coordenador de formação, professor Augusto Petta, apresentou a dinâmica do evento e celebrou a participação de representantes de 16 estados. Alguns convidados também realizaram breves saudações, reforçando a relevância da formação da classe trabalhadora e o papel do CES em seus 40 anos de história. Entre os presentes, destacaram-se Guiomar Vidor (CTB/RS), Railton Nascimento (CTB/GO), Helmilton Beserra (CTB/PE), Joel Nascimento (CTB/MA), Manoel Júlio (Unegro) e João Carlos Juruna (Força Sindical).
A primeira exposição foi conduzida pelo professor Michel Germann, com o tema: “Quais os fundamentos básicos da extrema-direita? O que é guerra cultural? Qual o impacto sobre a classe trabalhadora? Por que a extrema-direita a afeta mais que a esquerda?”. O professor abriu com um vídeo de Steve Bannon, ex-assessor de Trump, que sugere que Eduardo Bolsonaro poderá ser presidente do Brasil em um "futuro não tão distante".
O vídeo gerou debates sobre estratégias de comunicação e como a extrema-direita utiliza vínculos identitários e emocionais para mobilizar a classe trabalhadora e a classe média. Michel destacou que a falta de análise crítica afeta a perspectiva política, ressaltando questões como guerra cultural, desregulamentação das redes sociais e a ausência de diálogo nos debates atuais.
O evento reuniu mais de 130 inscritos e promoveu reflexões importantes e fundamentais na atual conjuntura. Agradecemos ao professor Michel pela exposição e à professora Liliana Lima pela coordenação desta mesa.

Aldo Arantes e Renato Meirelles, debateram no dia 22 de janeiro: “Como a esquerda tem enfrentado concretamente o avanço da extrema-direita? A esquerda precisa alterar sua atuação?”
Renato Meirelles iniciou destacando que não há uma crise objetiva no mercado de trabalho, mas sim uma mudança de percepção. Ele apontou que 46% da população, especialmente mulheres e negros, desejam ser empreendedores, reflexo da desvalorização da CLT, explicou que, após os avanços trazidos pelos Governos Lula, a precarização do trabalho cresceu com o Golpe de 2016 e as reformas posteriores. Contudo, o discurso da extrema-direita atraiu parte da população ao apresentar o empreendedorismo como sinônimo de autonomia e liberdade.
Ele ressaltou que o movimento sindical enfrenta o desafio de organizar os trabalhadores e que é necessário mudar a narrativa. “Precisamos mostrar o trabalho como algo que traz bem-estar, como a adoção de jornadas mais humanas, e regulamentar as redes sociais para dialogar com a juventude cooptada pela extrema-direita”, afirmou Meirelles. A abordagem deve valorizar o positivo, priorizando conquistas e autonomia real.
Aldo Arantes, abordou a luta contra a extrema-direita sob o prisma da guerra cultural, afirmando que a esquerda tem subestimado sua importância. Ele destacou que vivemos sob o domínio das Big Techs, que amplificam discursos de ódio e fake news, e alertou que essa guerra cultural, intensificada durante a ascensão de Trump, consolida a extrema-direita em escala global.
Arantes observou que, mesmo com os avanços do Governo Lula, a avaliação popular ainda é baixa, reforçando a necessidade de uma luta ideológica mais emocional e estratégica nas redes sociais, conquistando corações e mentes. “É fundamental dialogar com setores de direita não radicalizados e mobilizar as massas com sentimento e ideias progressistas”.
Em seu livro “Domínio das Mentes”, Aldo apresenta 14 estratégias para enfrentar a guerra cultural, algumas mencionadas na palestra. Ao final, o debate com o público trouxe contribuições relevantes, enriquecendo a discussão. Agradecemos aos palestrantes Aldo Arantes e Renato Meirelles pelas brilhantes exposições e ao Helifax Pinto pela coordenação da mesa.




No dia 23 de janeiro, as exposições dos palestrantes João Cézar de Castro Rocha e Wevergton Lima abordaram o tema "O Avanço da Extrema Direita no Brasil, na América Latina, na Palestina e em outros países".
Wevergton Lima iniciou sua exposição com um histórico sobre a extrema-direita e o fascismo, explicando a origem do fascismo com Mussolini, em 1919, e sua influência no nazismo de Hitler, que consolidou o anticomunismo como um pilar central. Segundo ele, essas conexões históricas ajudam a entender como esses ideais continuam presentes na política atual. Destacou estratégias adotadas por governos golpistas para alcançar o poder, enfatizando a importância de compreender essa dinâmica. Abordou também sobre o papel das redes sociais, já utilizadas pela extrema-direita desde 2010, e como as alianças entre direita e extrema-direita se fortaleceram ao longo do tempo.
João Cézar explorou o fenômeno contemporâneo da ascensão da extrema-direita, destacando sua capacidade de chegar ao poder por meio de eleições democráticas. Exemplos como Donald Trump, nos EUA, e Jair Bolsonaro, no Brasil, ilustram como essas lideranças se utilizam de estratégias modernas de comunicação para atrair jovens e pessoas desiludidas com o sistema político tradicional. Analisou o impacto do "neoliberalismo predador", que agrava desigualdades e crises, incluindo a questão climática, e vinculou isso à precarização do trabalho, representada pela "uberização", que contribui para o crescimento de movimentos autoritários. João enfatizou que a perda de hegemonia da esquerda em questões culturais e políticas exige uma reflexão profunda, além do resgate de valores tradicionais e da luta ideológica.
Os palestrantes destacaram a guerra cultural como uma ferramenta central para sustentar o neoliberalismo e consolidar a extrema-direita no poder. Alertaram para a urgência de a esquerda retomar a liderança, reconstruindo um projeto coletivo que enfrente as crises econômicas, sociais e climáticas.
Após as exposições, os participantes trouxeram reflexões importantes para o debate. Agradecemos aos palestrantes João Cézar e Wevergton Lima pela contribuição e à coordenadora Silvana Suaiden pela coordenação da mesa.




E no dia 24 de janeiro, encerramos o Ciclo Nacional Remoto de Palestras Formativas do CES com o tema “Situação do Movimento Sindical no Brasil e o enfrentamento à extrema direita”, apresentado pelos palestrantes Andréia Galvão e Altamiro Borges. Ambos destacaram a relevância do sindicalismo na promoção da igualdade social e da democracia, abordando os desafios enfrentados pelo movimento sindical brasileiro, como a informalidade, o trabalho precário e a baixa taxa de sindicalização.
Andreia Galvão analisou a crise do sindicalismo, enfatizando a fragmentação das categorias profissionais, os impactos das reformas trabalhistas e a necessidade urgente de renovação no movimento sindical. Apesar disso, ressaltou que a resistência dos trabalhadores vai além dos sindicatos tradicionais, ganhando força em movimentos sociais.
Altamiro Borges, abordou em sua exposição, a crise do capitalismo, o avanço do neoliberalismo e o crescimento do neofascismo como fatores globais que fragilizam o sindicalismo. Defendeu que superar o neoliberalismo e fortalecer a ação coletiva dos trabalhadores são passos essenciais para combater a extrema direita.
Os palestrantes concordaram sobre a necessidade de revitalizar o sindicalismo, ampliando a articulação com outros movimentos sociais e promovendo pautas abrangentes, como a regulamentação do trabalho por aplicativos, o combate à precarização e a inclusão de questões de gênero, raça e juventude nas agendas sindicais.
Após as exposições, o coordenador de formação do CES, professor Augusto Petta, destacou a diversidade de entidades participantes, que representaram 16 estados, e celebrou o crescente envolvimento das mulheres em cada edição do Ciclo, um fator positivo para o futuro do sindicalismo.
Na sequência, aconteceu o debate com os cursistas,um momento de muitas reflexões importantes.
Para encerrar, a coordenadora geral Liliana Lima agradeceu às entidades presentes, aos participantes de todas as regiões e desejou sucesso a todos em suas jornadas de luta. Por fim, agradecemos aos nossos palestrantes da noite, Andreia Galvão e Altamiro Borges, por suas valiosas contribuições e à diretora do CES, Célia Chaves, coordenadora da mesa.



