As consequências da “pós-modernização” da cultura contemporânea podem ser medidas pela frequência com que nos vemos frente a uma telinha: era assim com a TV, depois veio o computador e agora o celular. A tendência é colocar tudo o que se faz no computador ou assiste na TV, agora no celular.

A telinha está sempre ao nosso lado emitindo algum sinal sonoro ou visual que nos faz lembrar da sua existência o tempo todo. A pandemia agravou este vício, seja pelo isolamento social ou pela dependência derivada da necessidade de estudar ou de trabalhar à distância via aplicativos.

A excessiva dependência do virtual também contribuiu para a relativização da “verdade” e para que emergisse a busca pela novidade (um aviso no celular é sinal de que uma novidade chegou), além da redução da privacidade e da geração de um identitarismo que soa mais a individualismo liberal meritocrático, do que a busca pela igualdade.

Não é por outra razão que médicos recomendam retirar todos os avisos visuais ou sonoros dos artefatos de mídia para reduzir a dependência em relação a eles, o que já está sendo caracterizada como uma doença.

Pais mais avisados, não colocam os filhos na frente de telinhas (seja de celular ou de joguinhos) antes dos seis anos. Depois desta idade, a telinha entra na vida, mas sob controle rigoroso de tempo de exposição.

Os casos mais críticos são, é claro, os advindos do trabalho virtual forçado, pois nestes casos, não há controle. Empregadores cobram “home office” e o emprego pode estar em jogo se houver reação. Também ocorre o mesmo com o ensino à distância ou com o ensino remoto – a criança ou jovem não tem como evitar passar horas frente à telinha. Corremos o risco de escapar de uma pandemia e criar outras – a pandemia dos problemas físicos e psicológicos produzidos pelo excesso de tela. Reportagem do Estadão mostra as implicações:

“No final de fevereiro, uma pesquisa da Universidade Stanford mostrou que a exposição excessiva às videochamadas são prejudiciais a curto e longo prazo. Entre os sintomas estão dores de cabeça, depressão e crises de ansiedade.”

Como sabemos desde a luta contra o cigarro, as grandes corporações da mídia vão negar tais efeitos ou procurar minimizá-los. Portanto, somente instituições ou movimentos sociais independentes têm condições de avaliar os efeitos deste estilo de vida e os alertas médicos estão chegando.

 

Por Luiz Carlos de Freitas

 

FONTE: https://avaliacaoeducacional.com/

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