Votar em qualquer outro nome significa levar Bolsonaro e sua política de destruição e morte ao 2° turno.

Era ainda 1° de junho quando a Contee (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino), entidade que reúne mais de 1 milhão de professores/as e trabalhadores/as da administração escolar da rede privada de educação de todo o País, lançou o “Manifesto em defesa do Brasil e dos/as brasileiros/as. Lula presidente!”.

Já naquela ocasião, faltando cerca de dois meses e meio para o início oficial da campanha eleitoral, a Confederação entendia que a disputa presidencial deste ano ocorre com a polarização de dois projetos políticos antagônicos. De um lado, a civilização; de outro — o que está no poder —, a barbárie. Num polo, a ampla articulação de forças que muitas vezes, no passado, disputaram entre si, mas que se unem agora na tentativa de reconstruir o País; no outro, um presidente extremamente despreparado e nocivo, que ataca sistematicamente a Nação e o povo, servindo à miséria arrasadora provocada pelo ultraneoliberalismo com uma mão e à violência antidemocrática do neofascismo com a outra.

Por causa disso, a Contee, ainda em junho, fez uma aposta ousada, amparada em decisão congressual, mas nunca antes feita ao longo de seus quase 32 anos de história: indicar voto na chapa encabeçada por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já no 1° turno, por entender que não existe, no atual cenário de destruição nacional e de retrocessos abissais, outra alternativa para derrotar o governo de Jair Bolsonaro (PL).

Passado mais de um mês do início da campanha e faltando menos de duas semanas para a ida do povo brasileiro às urnas, o caráter plebiscitário, que não apenas a Contee, mas a maior parte dos analistas apontava, só se confirma. É claro que, dentro da normalidade de uma disputa democrática, o eleitorado é livre para, no 1° turno, analisar todas as propostas e votar no candidato que melhor se alinhe aos seus anseios. Só no 2° turno é que, então, vota por exclusão, caso seu candidato original não tenha ficado nos dois primeiros lugares.

Isso é o óbvio. A questão é que não estamos dentro da normalidade de uma disputa democrática. Além disso, neste 1° turno das eleições de 2022, a disputa já se apresenta com a configuração de uma segunda volta. Nenhum dos outros candidatos tem chance real de chegar ao 2° turno, uma vez que, nas pesquisas de intenção de votos, todos estão muito distantes dos dois primeiros colocados e não há tempo hábil para uma recuperação tão grande. Apenas Lula e Bolsonaro têm chance de vencer.

Com Lula à frente na disputa, votar em qualquer outro nome, por mais que suas propostas possam contemplar parcela dos eleitores, significa levar Bolsonaro ao 2° turno. E, uma vez feito isso, significa também dar-lhe mais um mês de campanha, mais tempo para a disseminação de fake news e mais oportunidade para que, no pior dos cenários imagináveis, ele possa, eventualmente, vencer.

O PT pode não ser o partido que todo mundo escolheria; Geraldo Alckmin (PSB) pode não ser o vice-presidente dos sonhos de muita gente; a frente ampla pode só ter sido construída, dentro das possibilidades, à custa de muitas concessões e apenas uma bandeira comum: a defesa da democracia e do País. Mesmo assim, derrotar Bolsonaro continua sendo urgente e preciso. Porque não fazê-lo é manter 33 milhões de brasileiros com fome; é concordar com a escassez da merenda escolar; é  endossar a falta de investimentos nas escolas públicas; é corroborar com o desmonte das universidades federais, muitas sob o risco de suspensão de atividades, e com a falta de recursos para a ciência e a tecnologia; é aceitar o corte no orçamento da Farmácia Popular, do Mais Médicos e de todo o SUS; é esquecer o assassinato de quase 700 mil pessoas na pandemia, mortas pelo descaso do governo federal; é achar normal o alarmante crescimento do desemprego e da informalidade, bem como o fim dos direitos trabalhistas, a defasagem dos salários e queda brutal do poder de compra dos trabalhadores; é não questionar que metade do patrimônio da família do presidente tenha sido comprada com dinheiro vivo, uma evidência gritante de corrupção.

Há muito em jogo no dia 2 de outubro. Professores de matemática sabem fazer essa conta, professores de Língua Portuguesa sabem interpretar os discursos, professores de História já viram o que pode voltar a acontecer. Na categoria dos trabalhadores e trabalhadoras em educação, é imprescindível que assumamos nosso papel social e ajudemos a eleger Lula já no 1° turno. Pelo futuro de nossas crianças, nossos adolescentes, nossa juventude, nossos trabalhadores e trabalhadoras, nosso Brasil.

 

Por Gilson Reis - coordenador-geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino — Contee

Fonte: contee.org.br/

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