Oito de março é um grande dia. Representa luta, resistência e reconhecimento histórico das conquistas feitas por tantas mulheres que nos antecederam e que nos inspiram a sermos firmes e fortes.

Longo caminho já foi percorrido na luta por melhores condições de vida e trabalho para as mulheres. No entanto, essa caminhada, que já é difícil, tornou-se ainda mais espinhosa com um governo autoritário e conservador nos costumes, que ataca e destrói políticas públicas que beneficiam as mulheres, reduz investimentos, reforça o machismo e o preconceito e desqualifica o papel da mulher na sociedade.

Hoje, 45% das mulheres são responsáveis por suas famílias, segundo o IBGE de 2018. Grande parte é de mães solos e negras. Os cortes nos gastos públicos acentua as desigualdades. Nesse contexto, as mulheres, que passaram a ser provedoras e não deixaram de ser cuidadoras, ficam cada vez mais sobrecarregadas e oprimidas. A covid acentuou ainda mais a sobrecarga de trabalho, uma vez que, além dos afazeres domésticos, o cuidado direto com os filhos e, para muitas, o trabalho remoto impuseram o adoecimento por exaustão de tarefas.

Mas se todas essas questões estão no nosso dia a dia — o que faz do 8 de março um dia permanente de luta —, como podemos enfrentar tantos desafios? Certamente, o primeiro passo é nossa união. Juntas somos mais e podemos mais. NINGUÉM LARGA A MÃO DE NINGUÉM não pode ser somente frase para cartazes. Juntas temos que:

derrotar Bolsonaro e seu desgoverno gerador de fome, desemprego, miséria;

defender a democracia;

unir amplas forças para resistência;

lutar por e defender um desenvolvimento econômico com geração de renda e emprego digno;

deter a onda conservadora que ataca e ameaça as conquistas das mulheres e oprimidos;

eleger mais mulheres progressistas e comprometidas com a luta das mulheres,  para ocuparem postos de decisão e poder, superando a sub-representação atual;

combater a violência de gênero, o racismo e a LGBTQIAP+fobia;

lutar por políticas públicas que reduzam a sobrecarga de trabalho doméstico, como escolas de tempo integral, creches, restaurantes comunitários e populares, lavanderias, saneamento, habitação, demandas já manifestadas e que seguem urgentes.

As tarefas não são simples nem fáceis, mas para nós, mulheres que trazemos a marca da teimosia e da resistência, o verbo para o 8 de março sempre é: LUTAR.

E aqui trazemos Cora Coralina: “Desistir… eu já pensei seriamente nisso, mas nunca me levei muito a sério: é que tenho mais chão nos meus olhos do que cansaço nas minhas pernas, mais esperanças nos meus passos do que tristeza nos meus ombros, mais estradas no meu coração do que medo na minha cabeça”.

 

Por Cristina Castro - Diretora do CES e Coordenadora da Secretaria de Relações Internacionais da CONTEE

 

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