O Ciclo de Palestras Formativas do CES, no seu 2º dia, contou com a presença dos palestrantes, professor Augusto Petta e professor Dari Krein. O tema da palestra foi “Formação Sindical na Conjuntura Nacional e na América Latina".

O professor Augusto Petta iniciou sua palestra destacando a necessidade de reflexão sobre a questão da formação para que o movimento sindical possa avançar na luta. A visão do sindicalismo classista envolve lutas ideológicas, políticas e econômicas, que se inter-relacionam e moldam a atuação sindical. Precisamos refletir: "Como elevar o nível de consciência política dos trabalhadores e trabalhadoras? Será através das lutas, das atividades formativas, dos estudos individuais?".

O nosso entendimento, no CES, é que esse nível de consciência é alcançado através da própria luta desenvolvida pelos trabalhadores e trabalhadoras (nas negociações coletivas, manifestações, greves), quando compreendem que estão numa luta de classes e que seus interesses não coincidem com a classe dominante, percebendo a importância da organização. Outra forma de conscientização é por meio de atividades formativas (cursos, palestras, planejamentos, entre outros), e neste sentido, o CES vem contribuindo para a elevação política e sindical dos sindicalistas e trabalhadores em geral.

Sobre formação sindical, Petta explicou que se trata de um conjunto de práticas educativas, intencionalmente programadas, sublinhando a importância de compreender o termo "intencionalmente programadas", já que frequentemente os trabalhadores procuram os sindicatos para serviços como jurídico, aposentadoria e saúde, relegando a formação a segundo plano. Então é essencial que, as práticas educativas atendam aos objetivos: conhecimento sobre temas de interesse dos trabalhadores, elevação do nível de consciência política, formação de novos quadros sindicais, desenvolvimento da capacidade de entender, falar, explicar, planejamento, avaliação, democratização da atividade sindical e estímulo à organização da classe trabalhadora para desenvolver a luta de classes.

Petta abordou as características básicas do fascismo, alertando sobre seu avanço mundial e destacando a diminuição dos sindicalizados no Brasil, foram 713 mil trabalhadores deixando de ser sindicalizados entre 2022 e 2023, segundo o IBGE. Ele enfatizou a importância da formação na conjuntura atual para enfrentar esse cenário. "Precisamos elevar o nível de consciência dos trabalhadores e trabalhadoras no Brasil para evitar retrocessos como o que vivemos com a eleição de Bolsonaro".

Em sua exposição, o professor explicou também como os movimentos dos séculos XIX e XX se organizaram no Brasil em relação à formação (anarquistas, comunistas, socialistas, sociais-democratas, Contag, entre outros) e como se organizam atualmente. Alertou que a formação atual é insuficiente, apesar de existirem iniciativas importantes, sendo necessário um trabalho mais intenso e permanente. São necessárias ações nos Sindicatos, criar estrutura de formação, seja com departamento de formação, secretaria de formação ou responsável pela formação na entidade.

Após a exposição do professor Augusto Petta, o professor Dari Krein, abordou estudos realizados na América Latina sobre a Conjuntura e dados sobre o movimento sindical. Segundo ele, para atender os desafios contemporâneos, é crucial a organização e formação. Nos anos 70, o trabalho de base foi extenso em muitas organizações distintas, formando um sindicalismo mais atuante. O trabalho de formação e organização de base não traz resultados a curto prazo, sendo um investimento necessário não só para formar novas lideranças, mas também para desenvolver a capacidade de reflexão, pois o conhecimento e a ação coletiva se constroem através da discussão coletiva e dos espaços de formação sindical.

Krein apresentou dados de uma pesquisa realizada em oito países da América Latina (Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, México, República Dominicana, Uruguai e Venezuela), onde a formação sindical não aparece em destaque, apesar de alguns sindicatos realizarem trabalho de conscientização. Ele destacou a importância de identificar os poderes que os sindicatos podem explorar para a ação sindical: competências estruturais (contexto em que a ação sindical se desenvolve), poder institucional (capacidade de intervenção nas negociações coletivas e nos governos), poder associativo (estrutura organizacional e funcionamento interno) e poder social (alianças e relacionamento com a sociedade local).

Os sindicatos precisam de três capacidades: de intermediação, poder de aglutinação e agenda focada na defesa do trabalho. A pesquisa revelou o impacto do contexto político e econômico no sindicalismo nos oito países, apontando avanços e dificuldades, e a necessidade de renovar a agenda sindical e realizar uma transformação organizacional.

As exposições dos professores foram excelentes, proporcionando muitos dados para reflexão e debate. Agradecemos aos professores Augusto Petta e Dari Krein pela imensa contribuição para a formação, aos cursistas pela participação ativa e a Valéria Silva, diretora do CES, que coordenou os trabalhos na manhã do dia 24 de julho.

Viva a formação! Viva o CES!
Viva os trabalhadores e trabalhadoras!

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