Desde o início do seu mandato, Bolsonaro ataca a educação como um dos seus inimigos prediletos. As primeiras ações ocorreram já no início de seu governo com os cortes nos orçamentos das universidades públicas e as ameaças do não reajuste do piso salarial dos(as) professores(as) da educação básica.

O projeto bolsonarista , genocida, negacionista , misógino, racista, LGBTFobico, antipovo, que busca acabar com o Estado Democrático de Direito, retira direitos da classe trabalhadora, mata mais de 600 mil pessoas por Covid-19, ataca as universidades, a liberdade de expressão, a ciência, precariza as escolas públicas, faz ataques de morte à educação , e está em sintonia com o falido projeto Escola Sem Partido, que buscava impor o pensamento único nas escolas – o da classe dominante – impedindo crianças, jovens, adultos e profissionais de se expressarem livremente, de se organizarem em grêmios estudantis e sindicatos e, deste modo, seguir com a destruição da educação.

Ao Ministério da Educação foi dada a ordem de promover a disseminação ideológica do pensamento do governo, já explicitada na campanha eleitoral pelas fake news da ideologia de gênero, do kit gay e da mamadeira erótica que seriam usados nas escolas públicas.

Ser professora em tempos de Bolsonaro é sempre um ato político e não existe neutralidade em uma sociedade dividida em classes com interesses antagônicos.

Após muita luta conquistamos o direito à liberdade de cátedra, ou seja, expressar nossos conhecimentos e análises no exercício de ser professores(as). Com estas lutas conseguimos inscrever na Constituição Federal que:  a “liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; o pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas” (Art. 206 LDB 9394/96), fazem parte do exercício da cidadania e do ofício de ser professor(a).

O projeto do presidente Bolsonaro e do prefeito Melo, que é o prefeito mais bolsonarista do Brasil, instaura uma cultura de desconfiança e delação nas instituições escolares, compromete a formação para o exercício da cidadania e fragiliza o cumprimento do previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente. As instituições escolares fazem parte da rede de proteção à infância e à adolescência, sendo importante manter a sua autonomia.

Além disso, a legislação educacional prevê a participação democrática de estudantes e de suas famílias em instâncias de controle social, juntamente com os(as) professores(as) e demais trabalhadores(as) em educação: os Conselhos Escolares, os Grêmios Estudantis e a discussão de Projetos Político Pedagógicos, espaços coletivos de decisão. Estes governantes pretendem esvaziar a escola de temas candentes e importantes na sociedade, e também acabar com os espaços de participação e democracia nas escolas.

Em novo ataque à ciência do país, o desgoverno Bolsonaro tirou cerca de 90% dos R$ 690 milhões que estavam previstos para o apoio à pesquisa por parte do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).

A diminuição drástica do Orçamento para a área de Ciência e Tecnologia é um exemplo explícito de como o presidente não valoriza o conhecimento e o desenvolvimento da ciência.

Bolsonaro faz uma opção política e ideológica quando não prioriza investimentos nessa área tão importante para a autonomia e cidadania do povo brasileiro.

Defendemos o Estado Democrático de Direito, o respeito à laicidade do Estado, resguardado pela Constituição Federal, e a completa separação entre Estado e Religião, como única forma de preservar a pluralidade e o respeito às diversas formas de expressão, tão caros para a nossa Democracia.

Defendemos a Educação Pública, laica, de qualidade social, que garanta o acesso e a permanência de todos(as) independentemente de sua origem, classe social, gênero, identidade de gênero, raça/etnia, orientação sexual, identidade de gênero, deficiências e toda e qualquer diversidade e ou especificidade.

Temos compromisso com a educação crítica, antirracista, emancipatória e cidadã, com a educação em Direitos Humanos, com a educação para a igualdade de gênero, com a educação efetivamente inclusiva.

Fui professora de chão de escola pública nas periferias de Porto Alegre por 40 anos, e mesmo hoje estando aposentada, sigo os passos do nosso mestre Paulo Freire, e tenho muito orgulho de ser professora.

Portanto sigo esperançando, lutando, resistindo e acreditando que:

“Onde queres revólver, sou lápis e livros. Onde queres Carlos Ustra, sou Paulo Freire”.

Resistiremos ao pensamento único e a mordaça que está sendo imposta ao Brasil e à Educação.

Não vão nos calar!

Não aceitaremos a mordaça em nossas vidas!

Ditadura nunca mais!

 

Por Silvana Conti - Vice- Presidenta da CTB/RS. Membro da direção nacional da União Brasileira de Mulheres (UBM). Mestranda em Políticas Sociais da UFRGS.

Fonte: vermelho.org.br/

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