Por mais de um século, a data 8 de março, ao redor do mundo, é especial para as mulheres. Em 1910, Clara Zetkin, ativista comunista e defensora dos direitos femininos propôs que fosse determinado um dia internacional das mulheres. No entanto, o Dia Internacional das Mulheres, que tem origem nas lutas operárias, se tornou reconhecido oficialmente pela ONU (Organização das Nações Unidas) somente em 1975.

A pauta é dupla: celebrar os avanços das mulheres na sociedade, na política, na economia —  sempre frutos de muitas lutas, protestos e greves —, mas também continuar lutando para avançar e superar desigualdades e violações.

Ao longo da história, essas batalhas aconteceram de forma diversa e com intensidade variada, inclusive nos países da lusofonia, mas sempre em busca de melhores condições de vida e trabalho.

Nossa categoria é formada, em sua maioria, por mulheres, representação que não reflete nas composições das entidades sindicais. Em alguns países da lusofonia, há critérios que asseguram um percentual de mulheres nas direções, mas não em cargos de maior visibilidade. Ainda assim, diante de um passado em que as mulheres sequer participavam de organizações sindicais, já avançamos. Como cantou o brasileiro Milton Nascimento, porém, “se muito vale o já feito, mais vale o que virá”.

Os quilômetros que separam os países que compõem a CPLP-SE, assim como o oceano e a diversidade ao estarmos em três continentes, não são suficientes para afastar a necessidade de nossa unidade e do fortalecimento de bandeiras comuns de luta.

Defender o direito ao trabalho igual com salário igual, o direito ao corpo, o direito à divisão das tarefas domésticas e do cuidado com os filhos e filhas, o direito a ocupar espaços de representação e poder, o direito de viver sem violência nos espaços públicos e privados, assim como lutar pela superação do machismo, do patriarcado e da misoginia — que, inclusive, levam ao feminicídio —, nos faz sempre próximas.

Além de todas essas bandeiras, vivemos, nos últimos anos, uma derrocada civilizatória com o crescimento mundial da extrema direita, essa que se encarnou nos defensores de “valores” que contribuem  para a opressão e o silenciamento das mulheres e colocam em risco a democracia. Nós, mulheres, temos mais este desafio: lutar contra qualquer retrocesso.

Não podemos esquecer que luta e democracia são substantivos femininos e nos impulsionam a resistir e a avançar.

A necessidade de igualdade de direitos e oportunidades nos faz próximas. Irmãs de Língua Portuguesa e de luta. Irmãs no sonho de uma sociedade justa, fraterna, igualitária e feliz.

Vivas à luta. Vivas à nossa unidade. Vivas às mulheres da lusofonia!

 

Por Cristina Castro - coordenadora da Secretaria de Relações Internacionais da Contee

Fonte: contee.org.br/

Artigo originalmente escrito para a CPLP-SE (Confederação Sindical da Educação dos Países de Língua Portuguesa)

 

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