Na quarta-feira (17), o WhatsApp anunciou novos recursos que permitem o envio unidirecional de mensagens a um número ilimitado de usuários. Com a mudança, os usuários poderão escolher até 16 administradores e terão acesso a itens que envolvem mensagens de voz, enquetes e o compartilhamento de cards no status. Esse aprimoramento das funcionalidades, porém, tem gerado enorme preocupação. Especialistas apontam que ele pode facilitar a propagação de desinformação – e isto pleno ano de eleições municipais no Brasil.
Como aponta reportagem da Folha, a big tech Meta – dona do WhatsApp, do Facebook e do Instagram – não revelou quais mecanismos serão adotados para prevenir a proliferação no aplicativo de fake news e deepfakes – que também podem ser impulsionados pelos novos recursos disponíveis na ferramenta. Diante da falta de transparência da multinacional, todos os especialistas ouvidos pelo jornal tratam a novidade com ressalvas.
Para Pedro Gueiros, pesquisador do Instituto Tecnologia e Sociedade (ITS), a mudança das funcionalidades traz benefícios ao usuário, mas também facilita a desinformação, sobretudo no período eleitoral. “A sofisticação da tecnologia é inevitável, mas é preciso reforçar mecanismos para as pessoas saberem se a notícia é confiável”, argumenta. Já Rafael Viola, professor em direito civil e tecnologia do Ibmec, critica a ausência de controles.
TSE discute formas de controle
“Como identificar a adulteração de uma voz, por exemplo? Não estão claros os mecanismos de controle que permitem identificar e responsabilizar quem intencionalmente vai usar da tecnologia para causar prejuízo, para disseminar desinformação”. Ele ressalta ainda que, apesar da desinformação sempre ter existido, a possibilidade de comunicação imediata e em massa aumenta os riscos de interferência no debate democrático a partir da circulação de notícias falsas.
Como ressalta a Folha, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tem demonstrado preocupação com a propagação de fake news nas redes sociais e nos serviços de mensageria no contexto das eleições de outubro. “O avanço das tecnologias em 2023 tornou mais sofisticada e acessível a elaboração das deepfakes, que permitem a criação de vídeos e áudios falsos por meio da inteligência artificial”. Na próxima quinta-feira (25), o TSE discutirá em audiência pública uma minuta de resolução sobre propaganda eleitoral, que trata também da utilização desse tipo de tecnologia para manipulação de conteúdos e das obrigações de big techs.
Por Altamiro Borges
Fonte Blog do Miro